Óleo sobre tela 120 X 80: meu pra ela
Mamãe, 87 anos de vida!
Nelson Antonio, escrevinhador poeta
( música simples feita para minha mamãe querida que completa 87 anos em 31 de julho)
Quando à tarde eu chegava em casa, cansado da lida diária, muitas vezes minha mãe estava à minha espera, sentadinha na copa da casa, e me pedia para tocar violão com ela. Aquilo fazia um bem danado pra nós dois pois me relaxava das tensões diárias e eu convivia com a infância / adolescência da minha mãe, saudosamente cantando juntos, em duetos de primeira e segunda voz, aquelas canções do arco-da-velha. Cancões muito antigas, grafadas num caderno amarelado pelo tempo e cheio de orelhas, que lhe falavam muito ao coração. Às vezes parávamos de cantar e mamãe recitava versos que meu pai, também músico-poeta, tinha deixado para ela antes dele falecer aos 33 anos de tuberculose pulmonar no Sanatório Imaculada Conceição, em Belo Horizonte!
Foi assim, com minha sonora mãe-canarinho, que eu aprendi a ser feliz nas pequenas coisas , como nas seis cordas de um violão que ela mesma me dera aos 15 anos, num Natal.
Mamãe adorava particularmente a dolente música " Melancolia " , que tinha que ser tocada uma dúzia de vezes pois eu sentia a emoção transbordando em sua voz , enrouquecida pelo maldito cigarro que , anos depois, a levaria de todos nós como a fumaça pelo vento.
Mamãe era imprevisivelmente uma mãe de atitudes inesperadas e maravilhosas: éramos sete filhos e uma enteada dela, quase da idade dela, que veio com o segundo casamento. Vez e outra , mamãe adentrava casa a dentro com uma sacola cheia de mangas madurinhas e apetitosas ( ubá, espada, coquinho, sapatinha, coração de boi...) e as esparramava entre nós, sentados e dispersos pelo chão, num festival gastronônimo que movimentava toda nossa casa a tarde toda, quebrando a monotonia do nosso dia-a-dia. Às vezes, eram abacaxis-pérola, enormes e madurinhos, docinhos como mel , vindos de Lagoa Santa, um para cada filho que se refestelava com a preciosa surpresa e o tamanho daquela fruta enorme só pra cada um. Também, baciadas de jabuticabas gordonas e enormes de Sabará.. que a gente colocava sobre as pernas e as ia engolindo , gulosamente, com casca e tudo...Cachos de bananas de todos os tipos, principalmente os de banana-ouro quando ela voltava das constantes viagens ao Rio de Janeiro ,com nosso segundo pai a trabalho, faziam a alegria de todos nós, criançada feliz. Doces, queijos, balas, biscoitos, bolos , pirulitos, sorvetes...mamãe sabia nos conquistar pela boca, como passarinha que leva minhoca graúda no bico para seus filhotinhos aninhados e famintos.Também, casacos e roupas coloridas que ela distribuía prazeirosamente, a cada um , muitas vezes saídos de sua própria máquina de tear , comprada com finalidades comerciais mas, num balanço final, pouco restando para vender aos interessados que ela escriturava em suas cadernetinhas de controle.
Ah minha mãe querida, poderia escrever vários tomos de livros sobre você na minha vida e de meus irmãos no carrocel da vida que girava conosco numa doce convivência familiar ! Você não era dessas mães beijoqueiras e que vivem abraçadas grudentas aos seus filhos mas tinha mil atitudes presentes e constantes de amor e carinho a todos nós, tocando-nos a alma diariamente.
Hoje, 31 de julho, você faz 87 anos. Estou aqui mamãe, cabisbaixo , de violão mudo na mão, balbuciando algumas daquelas canções que você me ensinou vida à fora. Estou sozinho , mamãe, abandonado de você que partiu há exatos 13 anos e 2 meses. Lembro-me que era um Dia das Mães, rosas pra todos os lados, em todas as esquinas , e nas minhas mãos que ia levá-las para você, internada há 132 dias no CTI do Mater Dei, com insuficiência respiratória enfisematosa e muitas outras complicações devido ao cigarro que a foi matando, impiedosamente , devagarinho, a cada baforada através de tantos e todos anos de sua vida adulta . Naquele domingo que estava festivo em todos os lares, quando cheguei ao Hospital, você já não estava lá e estava sendo prepararada para o seu velório no Bonfim. Aquelas rosas na minha mão, flores viçosas , jovens, perfumadas,muitas em botão, vermelhinhas como sangue, impregnavam meu corpo e minhas vestes de um aroma indefectível, doce e marcante. Abatido, mais tarde fui levá-las a você, minha mãe querida, com os olhos marejados de lágrimas, no velório mais triste que já marcou minha alma e eternizou-se em minhas recordações. Naquela espaçonave de madeira em que você partiria para sempre ao infinito , mamãe, você recebeu minhas flores aos seus pés, como se adorna uma santa num altar , e à tarde, quando um lusco - fusco invadiu aquele ambiente triste, vi plantarem você naquela terra vermelha, seca e sem vida, Mas na minha alma senti que você subia aos céus, gloriosa e triunfante, como quem tivesse o dever cumprido e recebi no coração uma chuva de pétalas das rosas que a cobriam . Ali, num cantinho do meu coração, placidamente adormecem suas saudades...
Parabéns, mamãe, pelos seus 87 anos de vida dentro de mim.Você é a coisa mais importante e bonita que já tive na vida. Tenho tantas saudades de você, mamãe, que sempre desejo estar o mais breve possível perto de você, ao seu lado, onde você estiver. A vida aqui sem você tá uma merda, mamãe! Insuportável de viver como sentir esta sua saudade bonita mas cheia de espinhos como rosas selvagens!
Com todo o Amor do meu coração, aguarde-me! Breve nos veremos e cantaremos tudo aquilo de novo !
Seu filho ,
Nelson Antonio
Mamãe, 87 anos de vida!
Nelson Antonio, escrevinhador poeta
" Minha mãe querida
Vem cantar com os filhos seus,
Hoje é o dia mais lindo da vida,
É o dia dos anos seus! "
Vem cantar com os filhos seus,
Hoje é o dia mais lindo da vida,
É o dia dos anos seus! "
( música simples feita para minha mamãe querida que completa 87 anos em 31 de julho)
Quando à tarde eu chegava em casa, cansado da lida diária, muitas vezes minha mãe estava à minha espera, sentadinha na copa da casa, e me pedia para tocar violão com ela. Aquilo fazia um bem danado pra nós dois pois me relaxava das tensões diárias e eu convivia com a infância / adolescência da minha mãe, saudosamente cantando juntos, em duetos de primeira e segunda voz, aquelas canções do arco-da-velha. Cancões muito antigas, grafadas num caderno amarelado pelo tempo e cheio de orelhas, que lhe falavam muito ao coração. Às vezes parávamos de cantar e mamãe recitava versos que meu pai, também músico-poeta, tinha deixado para ela antes dele falecer aos 33 anos de tuberculose pulmonar no Sanatório Imaculada Conceição, em Belo Horizonte!
Foi assim, com minha sonora mãe-canarinho, que eu aprendi a ser feliz nas pequenas coisas , como nas seis cordas de um violão que ela mesma me dera aos 15 anos, num Natal.
Mamãe adorava particularmente a dolente música " Melancolia " , que tinha que ser tocada uma dúzia de vezes pois eu sentia a emoção transbordando em sua voz , enrouquecida pelo maldito cigarro que , anos depois, a levaria de todos nós como a fumaça pelo vento.
Mamãe era imprevisivelmente uma mãe de atitudes inesperadas e maravilhosas: éramos sete filhos e uma enteada dela, quase da idade dela, que veio com o segundo casamento. Vez e outra , mamãe adentrava casa a dentro com uma sacola cheia de mangas madurinhas e apetitosas ( ubá, espada, coquinho, sapatinha, coração de boi...) e as esparramava entre nós, sentados e dispersos pelo chão, num festival gastronônimo que movimentava toda nossa casa a tarde toda, quebrando a monotonia do nosso dia-a-dia. Às vezes, eram abacaxis-pérola, enormes e madurinhos, docinhos como mel , vindos de Lagoa Santa, um para cada filho que se refestelava com a preciosa surpresa e o tamanho daquela fruta enorme só pra cada um. Também, baciadas de jabuticabas gordonas e enormes de Sabará.. que a gente colocava sobre as pernas e as ia engolindo , gulosamente, com casca e tudo...Cachos de bananas de todos os tipos, principalmente os de banana-ouro quando ela voltava das constantes viagens ao Rio de Janeiro ,com nosso segundo pai a trabalho, faziam a alegria de todos nós, criançada feliz. Doces, queijos, balas, biscoitos, bolos , pirulitos, sorvetes...mamãe sabia nos conquistar pela boca, como passarinha que leva minhoca graúda no bico para seus filhotinhos aninhados e famintos.Também, casacos e roupas coloridas que ela distribuía prazeirosamente, a cada um , muitas vezes saídos de sua própria máquina de tear , comprada com finalidades comerciais mas, num balanço final, pouco restando para vender aos interessados que ela escriturava em suas cadernetinhas de controle.
Ah minha mãe querida, poderia escrever vários tomos de livros sobre você na minha vida e de meus irmãos no carrocel da vida que girava conosco numa doce convivência familiar ! Você não era dessas mães beijoqueiras e que vivem abraçadas grudentas aos seus filhos mas tinha mil atitudes presentes e constantes de amor e carinho a todos nós, tocando-nos a alma diariamente.
Hoje, 31 de julho, você faz 87 anos. Estou aqui mamãe, cabisbaixo , de violão mudo na mão, balbuciando algumas daquelas canções que você me ensinou vida à fora. Estou sozinho , mamãe, abandonado de você que partiu há exatos 13 anos e 2 meses. Lembro-me que era um Dia das Mães, rosas pra todos os lados, em todas as esquinas , e nas minhas mãos que ia levá-las para você, internada há 132 dias no CTI do Mater Dei, com insuficiência respiratória enfisematosa e muitas outras complicações devido ao cigarro que a foi matando, impiedosamente , devagarinho, a cada baforada através de tantos e todos anos de sua vida adulta . Naquele domingo que estava festivo em todos os lares, quando cheguei ao Hospital, você já não estava lá e estava sendo prepararada para o seu velório no Bonfim. Aquelas rosas na minha mão, flores viçosas , jovens, perfumadas,muitas em botão, vermelhinhas como sangue, impregnavam meu corpo e minhas vestes de um aroma indefectível, doce e marcante. Abatido, mais tarde fui levá-las a você, minha mãe querida, com os olhos marejados de lágrimas, no velório mais triste que já marcou minha alma e eternizou-se em minhas recordações. Naquela espaçonave de madeira em que você partiria para sempre ao infinito , mamãe, você recebeu minhas flores aos seus pés, como se adorna uma santa num altar , e à tarde, quando um lusco - fusco invadiu aquele ambiente triste, vi plantarem você naquela terra vermelha, seca e sem vida, Mas na minha alma senti que você subia aos céus, gloriosa e triunfante, como quem tivesse o dever cumprido e recebi no coração uma chuva de pétalas das rosas que a cobriam . Ali, num cantinho do meu coração, placidamente adormecem suas saudades...
Parabéns, mamãe, pelos seus 87 anos de vida dentro de mim.Você é a coisa mais importante e bonita que já tive na vida. Tenho tantas saudades de você, mamãe, que sempre desejo estar o mais breve possível perto de você, ao seu lado, onde você estiver. A vida aqui sem você tá uma merda, mamãe! Insuportável de viver como sentir esta sua saudade bonita mas cheia de espinhos como rosas selvagens!
Com todo o Amor do meu coração, aguarde-me! Breve nos veremos e cantaremos tudo aquilo de novo !
Seu filho ,
Nelson Antonio