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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O Partejar



O Partejar
Nelson Antonio



Fantasio-me alvamente, o branco moço,

E calmas mãos bateiam o mistér divino

De garimpar duas almas, da fruta o seu caroço,

No caudal imprevisível do destino.




Velo, atento ao ventre, a dupla peça

Ouvindo com cuidado extremo os seus ruídos

A cada contração estou ao lado, sou obstetra

Traduzo a nave-mãe em seus gemidos.




Assim pouco a pouco vai-se abrindo

O túnel da vida de onde todos saímos

Num desabrochar de dor e de encantamento.



E quando a vida explode de repente

Num choro de criança, eu sinto profundo

O sinal que Deus ainda acredita neste mundo !

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