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domingo, 12 de dezembro de 2010

Todo excepcional tem uma mãe excepcional...

Todo excepcional tem uma mãe excepcional...

Autor: Dr. Nelson Antonio , ginecologista / obstetra e médico social( Ministério da Saúde ).
Palestrista da Unimed / BH. Projeto de gente, em construção. Escriba e leitor ótico de almas alheias e cego a sua...


Homenagem às mães de excepcionais. E às pessoas espiritualista e espíritas que se derretem por seus filhos em suas crônicas de vivência derramadas de emoção , feitas de coração e amor materno.
Homenagem a minha mãe excepcional que me teve. E morreu no Dia das Mães de 1999, 9 de maio com as mãos cheias de flores que o Destino não quis que lhe fossem dadas mas sepultadas com ela.Aliás, plantaram-nas...
Homenagem a Romário, pai-mãe de seu sexto filho, uma adorável e amada criancinha excepcional.



Hora do parto. Dores insuportáveis.O mundo à espera de mais vida. Que vem aos berros se anunciando. Choros e lágrimas. Aflição do ver. Do sentir. Do amar. Eu, o médico obstetra sisudo e calado, cabeça baixa, enterrado em sua tarefa de reconstituir o períneo lacerado. Face de mármore. O foco de luz amarela sobre sua nuca molhada de suor. Trabalho de parto finalizado. Nada mais a fazer. Pediatra recolhe a criança rapidamente como quem rapta.Como quer esconder. A verdade: nasceu um excepcional. Dêem-lhe o nome que quiserem. Mas nasceu um mongolóide. Ou melhormente, eis mais uma Síndrome de Down.Trissomia do 21. Mas meu Deus do céu!... É o meu filho!!! Por que comigo? Que fiz? O que não foi feito? Onde errei? Onde alguém errou? Por que eu ?Logo eu ? Isto é verdade?Trocaram meu filho? Eu não sou japonesa... estes olhinhos apertadinhos...o pescocinho tão curto e gordinho. Ele mal chora... balbucia ou está gemendo ? Estou sonhando? Meu Deus me acorde!!!
Já no quarto, sentindo o peso da realidade sobre si, choramingando, entristecida, frustada,olhando aquele nenenzinho de olhinhos puxados, gorduchinho, de riso fácil, a mãe entende que ele será sua vida. Pois é sua vida. E a vida não escolhe. A gente apenas colhe o fruto que nos é oferecido. Um fruto excepcional. E a mãe do excepcional transborda em amor sobre o filho. Ama-o num misto de dor e de piedade como a defendê-lo do mundo. Pois a sociedade discrimina o que não é igual, o que não é padrão, o que não é normal. O que é excepcional.
Mas não há coisa mais perfeita na vida que uma criança excepcional. A eterna criança que demora a amadurecer, criança-fruta de vez sempre. Que adora Roberto Carlos. Beatles, Freddie Mercury. Música baranga e brega. Música funk. Pop Rock. Animais. Cantarão aos berros. Dançar sozinha como que abraçando o mundo que a desdenha.Que fala com todos, mesmo aos estranhos, inocência exposta e nítida pra maldade do mundo...indefesa que se expõe. Que toma conta do ambiente onde se situa. Que fala ao coração da gente. Que explode inocência em sua espontaneidade, em gestos livres e atitudes próprias. Que faz xixi pelas pernas entreabertas, que solta pum ou cocô expremendo-se toda e com o rosto vermelhinho pela força fisiológica exposta aos olhos estupefatos e indignados de todos. Que fala incoerências em igrejas, velórios e reuniões sociais - como toda criança sem trelas. Que não tem medo de ser feliz. Que coloca os pais num altar que venera a toda hora do dia e da noite, como se fossem o que são: deuses. Excepcionais são crianças. Sempre. Nunca crescem. Mesmo aos 20, 30 , 40 anos de idade. Nascem e morrem como vivem: crianças! Nunca os ví de cabelos brancos pois nasceram para serem jovens sempre. E serem levadas cedo para o Criador, como a depurar o mundo infecto de preconceitos e maldades contra elas, no olhar, na jocosidade escolar, na repulsa social que causam e fazem todas as mães tremeram de medo de ter uma criança excepcional. Como dizia, Pablo Picasso, " demora-se muito para ser jovem". E eles o são, sempre!
É que dentro deles mora uma mãe excepcional que vela por suas vidas com determinação e amor abissais. Mãe que ama mais intensamente que todas as outras mães porque ninguém quer ser pai de filho feio, exceto as mães-corujas. Mãe que vê no filho a solução e não, o problema. Que se associa pelas APAEs( Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) das cidades, que luta, que educa, que protege, que transborda de amor pelos seus meninos excepcionais. Que faz da vida uma festa por eles. Mãe que chora sozinha por apenas um de seus olhos para que seu filho veja o outro sorrindo...sempre. Por tê-lo. Por sabê-lo. Por vê-lo como uma criatura humana indefesa e inocente de maldades.
Pense em que é ser mãe de uma criança excepcional. Viva mentalmente este momento. Suas dificuldades. A discriminação de amigos e família e escolas.Viver para o filho e esquecer-se quase sempre de si. Sinta a sua amargura que ela transforma milagrosamente em mel pois jamais ví uma mãe de excepcional deplorar a sua sorte.Deixar de amar demais a eles. Ou de ignorá-los em seu coração .
Deus é assim. Escolhe, criteriosamente.Entrega nas mãos de uma pessoa excepcional um filho excepcional.Pois sabe que para este grande mister a mãe teria que ser, antes de tudo, uma mãe excepcional! Excepcionalissimamente, excepcional !!! Como eles...meus eternos meninos eternos!
Pois, afinal, todo excepcional tem uma mãe excepcional...

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