Powered By Blogger

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Amores mortos e não enterrados



" O tempo não comprou passagem de volta. Tenho lembranças e não saudades ." Mário Lago



Amores mortos e não enterrados

Às vezes, achamos que a eternidade dos amores existe.Os grandes poetas sempre nos induziram a pensar assim, românticamente , na fragilidade humana , mormente Vinicius de Moraes com o fecho de ouro do seu soneto imortal " que não seja imortal posto que é chama mas que seja infinito enquanto dure " . Então, basta um olhar, uma roupa meio igual , uma voz ternamente parecida, um jeito de sorrir semelhantemente e nos transportamos para a saudade daquele que foi o nosso grande amor. Também, um poema que nos pega de surpresa, uma música dolente que toca numa rádio de madrugada, uma comidinha que era só de vocês dois, um vazio que a gente não consegue explicar e lá vem aquele antigo amor nos jogar e prender nas celas do sofrer. E, ainda, como nos faz saudosos um beijo ardente de namorados em plena rua, um banco de praça vazio, uma pessoa que parece nos dar a impressão da outra numa praça de alimentação do Shopping Center, as comemorações dos feriados, principalmente quando estamos sozinhos, sei lá mil coisinhas do cotidiano que nos trazem fragmentos da costumeira figurinha repetida que tanto amávamos no pequeno álbum de nossas vidas... mesmo certos que figurinha repetida não enche o álbum! Mas não podemos nos encantar com o que agora é só recordação e cinzas de um passado recente. Quando as pessoas morrem, são enterradas. A gente sofre, passa dias ensimesmadas e tristes, vem uma depressão que dura o tempo certo de nossa dor pois acabamos nos conformando e partindo de novo para a vida. Mas há pessoas que morrem sem morrer em nossas vidas e ficam insepultas , no vai e vem das nossas recordações. E nos tornamos masorquistas, gostando do sofrer quando a vida passa ao nosso lado nos convidando para novas experiências e para a perfeita cura daquilo que passou. Temos que reagir urgentemente! Mesmo com toda a inércia que nos domina nestas horas, temos que suturar e tamponar com vigor a ferida viva do nosso coração ensanguentado, jogar estas lembranças na lata de lixo do passado e fazer a reciclagem correta e curativa de nossas atitudes. Pensar que não podemos , nem devemos, carregar pela vida afora este cadáver insepulto de um amor que acabou, está morto, recendendo saudades necróticas e purulentas dentro de nossos sonhos, o exacrável cheiro da memória. Temos que nos amar mais e mais. Transbordarmos de amor por nós mesmos. Sempre. Abrir possibilidades, viver novas emoções, caminhar firme em outras experiências, experimentar o novo, vivenciar todo o nosso potencial de amar e ser amado. Afinal, a poda é dolorosa mas nos trará logo novos botões floridos e vicejará a árvore de nossos sentimentos. Amores mortos devem ser enterrados. Não no nosso coração. Não nas nossas lembranças. Mas na compreensão e discernimento de que o amor é infinitamente menor que a PAZ! E que descansem em Paz os amores mortos.Antes eles do que eu !!! nelson antonio, médico de almas

5 comentários:

  1. Os amores não morrem doutor... Pois os amores não são as pessoas. São as evoluções pelas quais passamos no exercício de amar, que eternizam o Amor. Pois somos novos seres a partir destas experiências. Desta forma nos repassamos melhores e maiores para outros que virão. O amor é a evolução humana. Imortal porque transcende à nossa própria vida, em outras vidas. Estou falando de AMOR. Não de egoísmos e exercícios de posse. Estes sim. Não são amores e se acabam, exatamente porque não eram amores...

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Aninha, pela sua constante atenção ao que escrevo em desabafo. Aqui na minha fala os amores são pessoas, não os sentimentos.Estes dependem de nossa capacidade de amar, não ficamos à mercê de pessoas que podem nos abandonar e fazer sofrer. É o que acontece na vida: amores abandônicos que se foram mas...não nos avisaram de suas ausências. Ou não ficamos atentos a isto. Curtimos dentro de nós pessoas que já não nos merecem, esquecemos de enterrá-las apesar delas não estarem nem mais aí para nós.
    Linda a sua colocação filosófica e psicológica, como mulher graduada que você o é. Você se transpõe para a palavra AMOR e sua colocação é, como sempre, perfeita. Também é a minha.O meu modo de pensar é idêntico . O Amor é eterno, revigora-se a partir de cada experimento amoroso, renova-se e nos faz mais fortes e melhores. Mas os amores, o amor objetal, passam como núvens no céu da nossa vida e devemos entender quando é hora de seguirmos nosso caminho e fecharmos o guarda-chuvas da desilusão pois a chuva já cessou ou mesmo não caiu.
    Obrigado. Você sabe das coisas. Aprendo muito com você.Sempre.
    nelson antonio, um aprendiz da vida

    ResponderExcluir
  3. Nossa Dr. Nelson, confesso que fiquei surpresa com seus textos, realmente são profundos, vc consegui externar sentimentos, que as vezes, nos soam impossiveis de se descrever em palavras.
    Parabens!
    bjs.

    ResponderExcluir
  4. Meu querido: Com relação à idéia desenvolvida no texto concordo plenamente com o que disse nossa amiga Ana Leandro. Entretanto, mesmo não concordando com algumas de suas idéias, eu o invejo, pois tudo que escreve é lindo demais! Vc, mesmo na crônica, é um poeta ímpar!
    Bjs,
    Luiza

    ResponderExcluir
  5. Nelson: Venho redimir-me, pois só depois de colocar o comentário vi sua resposta à Ana. Vc é um eterno romântico e muito espiritualizado, embora negue isto. Considero vc um espírito de Luz e, com certeza, nos encontraremos nas estrelas.
    Bjs,
    Luiza

    ResponderExcluir